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"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino.A educação necessita tanto de formação técnica e científica como de sonhos e utopias"(FREIRE).





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Doutoranda em Educação pela UERJ. Mestre em Educação pela UERJ, professora e pedagoga com habilitação em Educação Especial,especialização em Psicopedagogia e em Gestão Pedagógica: Orientação e Supervisão. Atuação em turmas de Educação Infantil,Ensino Fundamental I e em Educação Especial, experiência em turmas de alunos com deficiência intelectual (2002 a 2006), na supervisão pedagógica (2007)e direção adjunta (2008)da Escola Especial Favo de Mel que é uma unidade escolar que pertence a Fundação de Apoio à Escola Técnica – FAETEC. Coordenadora(2009-2011) do Núcleo de Estudos e Assessoria Pedagógica à Inclusão da FAETEC. Atualmente é coordenadora da Divisão de Diversidade e Inclusão Educacional da FAETEC. Tutora do CEDERJ no curso de Pedagogia na disciplina Educação Inclusiva e Cotidiano Escolar.Professora Substituta do Curso de Pedagogia da UERJ. Integrante do grupo de pesquisa Inclusão e aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais: práticas pedagógicas, cultura escolar e aspectos psicossociais.

sábado, 6 de outubro de 2012

O direito de duvidar - Teresa Costa d'Amaral....Para refletir... difícil instituir políticas públicas educacionais necessárias...


O direito de duvidar

                                                      Teresa Costa d'Amaral

Rio, 18 de setembro de 2012 publicado no Jornal O Globo em 16 de setembro de 2012

O IBGE vem divulgando dados do Censo de 2010. Entre eles contabilizou que “cerca de 24,6 % da população” declarou ter alguma deficiência. Isso significa que praticamente uma entre cada quatro pessoas no Brasil tem alguma deficiência. Deveríamos esbarrar a cada momento em cada esquina com pessoas com deficiência. Tem algo errado com esse número.
Segundo esses dados, a população brasileira é formada por 190.732.694 pessoas e dessas aproximadamente 45,6 milhões têm alguma deficiência. Seria preciso, façamos um amplo e não cientifico exercício de imaginação, que de cada quatro amigos nossos, um fosse deficiente, ou que de cada quatro familiares nossos, um fosse deficiente.
Não sou demógrafa, talvez não devesse me aventurar nesse terreno, sei que esses números são baseados em amostragem e em auto-declaração, mas já não consigo ficar sem fazer algumas observações sobre alguns absurdos que o Censo de 2010 concluiu sobre esse tema.
Você acredita que 95,2 % das crianças com deficiência brasileiras frequentam escolas? Todos sabemos que não, e para confirmar basta olhar os dados do MEC. Ainda mais inacreditável é a afirmação de que 81,7% está alfabetizada. Como, se nem escolas nem professores preparados temos? Em que escolas por esse Brasil afora se alfabetiza cego, surdo ou deficiente mental para se chegar a esse número?
Não acredito que os trabalhadores com deficiência sejam 23, 6% do total da população brasileira ocupada, ou seja, quase ¼ dos trabalhadores brasileiros tem alguma deficiência.
Penso em um recenseador chegando na casa de uma senhorinha no interior do Piauí (minha terra) e perguntando: - “A senhora tem dificuldade para enxergar? Sua dificuldade é permanente?” E ela, que tem catarata, respondendo: -“Tenho sim meu filho, já fiz de um tudo pra melhorar mas não consegui nem operar.”
Penso em outro recenseador perguntando a uma pessoa que é surda de um ouvido: -“O senhor tem dificuldade para ouvir? E ele respondendo: -“Tenho sim e é pra sempre, não tem como sarar, não tem doutor que dê jeito.”
Guardemos nosso espanto maior para a seguinte pergunta, auto-declaratória: -“Tem alguma deficiência mental/intelectual permanente?” Tenho muitos amigos com deficiência intelectual e por isso mesmo acredito em todo seu potencial e sei também de todas as suas limitações. Que resposta esperar? E o que dizer do deficiente grave que a nada pode responder, por onde terá ficado escondido nesse Censo?
Entre as deficiências, constataram, a de maior prevalência é a deficiência visual que “atingia 35,8 milhões de pessoas”, ou seja, quase um quinto da população brasileira seria deficiente visual. Você acredita?
O desinteresse e a displicência com que esses números foram recebidos evidenciam a pouca importância que se dá à questão da pessoa com deficiência.